HATE AND CHAOS

HATE AND CHAOS
A Revolução já esta em curso !!!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

USO DE DROGAS CAUSA 8 MIL MORTES POR ANO NO BRASIL



Essa semana estava lendo o jornal ( confesso que ler os periódicos não é uma costume diário, mas ao menos duas vezes por semana que dou uma lida, não os acompanho não pela preguiça ou pelo dinheiro, mas por ele hoje estar defasado da maioria das mídias (digitais) que temos hoje, mas foi no Jornal que me deparei com uma notícia muito interessante sobre as drogas no País.
O levantamento feito pelo Observatório do Crack, da Confederação Nacional dos Municípios, levantou que o uso de drogas legais ou ilegais , matou 40.692 pessoas no Brasil de 2006 até 2010, o que o órgão calcula ser uma média de 8 mil mortes por causa de drogas por ano. Porém o que me chamou a atenção é quando partimos pra essa pesquisa e estudo de maneira analítica, mostra o álcool como campeão de mortandade, somente a bebida tirou a vida de 34.573 pessoas, o que estatisticamente representa 84,9% dos casos de morte referente as drogas, depois vem o cigarro com 4.625 mortos , representando 11,3% , a Cocaína parece com cerca de 354 registros de morte por causa do “risco”, nesse período estudado. ( Segundo o Estado de São Paulo).
Juntando todos os estudos, as mortes causadas pelo álcool em cinco anos chegou á 31.118 pessoas, e outras 3.250 brasileiros morreram em casos associados diretamente ao cigarro.
Um estudo sério e estatisticamente muito bem montado, agora eu só queria saber por que diabos a MACONHA é proibida ?? criminalizada ??? por que uma substância tida como “DROGA ILÍCITA” não tem nem um registro de óbito ?? não é registrado nenhum caso de morte por causa da MACONHA ... e mesmo assim eles ainda reprimem, proíbem e associam a inicialização em outras drogas á maconha , sempre afirmam que a erva é a porta para outras drogas mais perigosas, mais pesadas ... acho que seria justo avaliar esse conceito, na minha opinião , e fica claro com essa pesquisa, que a entrada para as drogas é o álcool , o cigarro ... a maconha só faz parte do processo , ou melhor é a desculpa para se proibir e mascarar os verdadeiros interesses para sua proibição e criminalização da Marijuana.
Até quando seremos tratados como idiotas e até quando idiotas bem tratados irão continuar com a palhaçada da negativa afirmação da indústria das drogas , eu disse droga , até o cigarro è mais letal que ela , mas ...

BY PANDA REIS
pandadrums@hotmail.com

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

GOD CAN NOT SAVE THE QUEEN





O assassinato de um jovem negro pela polícia no subúrbio de Londres deu início a uma onda de radicalizados protestos que em pouco tempo se alastrou pela periferia da capital britânica . Mark Duggan, de 29 anos, foi morto pela polícia no bairro de Tottenham, no último dia 4 de agosto, em uma quinta-feira, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Ele estava em um taxi quando foi atingido pelos disparos da polícia.


A Scotland Yard havia dito que os agentes apenas responderam aos tiros efetuados pelo jovem. O jornal The Guardian, porém, informou que os primeiros exames realizados em um rádio comunicador da polícia, revelam que ele foi atingido por disparos da própria polícia.


No sábado, dia 6, cerca de 200 pessoas, entre amigos e familiares protestaram na delegacia da região pela morte do jovem, com gritos de “Justiça para Duggan”. A polícia reprimiu violentamente a manifestação e só jogou mais gasolina na revolta. O protesto logo se transformou em uma revolta radicalizada que, no domingo, já se espalhava do norte de Londres, para a periferia ao sul da cidade, em bairros como Brixton, e até mesmo próximo do centro, como Oxford Street.

Levante

As manifestações continuaram em uma escalada progressiva nos três dias seguintes. Saques, carros, ônibus e prédios incendiados mostravam a raiva acumulada pela juventude londrina, grande parte composta por negros e imigrantes. A intensidade da revolta pegou o governo e as autoridades de surpresa. O primeiro-ministro David Cameron, que se recusou a interromper as férias enquanto as bolsas em todo o mundo despencavam, retornou ao posto para cuidar da crise aberta pela revolta.


A resposta da polícia, por sua vez, foi ainda mais violência. Ao final desse dia 8, no terceiro dia de protestos, 200 pessoas já havia sido presas. O governo responsabiliza a revolta pela suposta ação de “vândalos” e diz que a onda de violência se daria por um fenômeno de “criminalidade imitada”. A ministra do Interior, Thereza May, qualificou os manifestantes de “delinquentes”. Já a grande imprensa, com o aval da polícia, por incrível que pareça, afirma que a “desordem” foi organizada através das redes sociais, como o twitter e o facebook.

Bomba relógio


O assassinato do jovem negro pela polícia foi o estopim para uma revolta generalizada, dando vazão a uma situação de ódio acumulado por anos de repressão policial, discriminação e pobreza aprofundado pela crise econômica. O caráter anárquico dos protestos e a radicalização lembram as manifestações que tomaram conta dos subúrbios de Paris em 2005, quando a violência da polícia provocou uma onda de revoltas, justamente como acontece em Londres.


Agora, o desemprego, os cortes sociais, o desmonte do que restou do Estado de Bem Estar Social e a crescente xenofobia na Europa são o fermento para revoltas cada vez mais violentas de uma juventude sem perspectivas.

Fonte: www.pstu.org.br

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Atentado terrorista mostra crescimento da ultradireita na Europa




Os atentados terroristas perpetrados nesse dia 22 de julho por um militante de ultradireita chocaram a Noruega e todo o mundo. Ander Behring Breivik, de 32 anos, armou explosivos no centro da capital Oslo e, momentos após a explosão que deixou sete mortos, abriu fogo contra centenas de adolescentes que participavam de um acampamento do Partido Trabalhista, na ilha de Utoeya.

Segundo relatos de sobreviventes, Breivik estaria disfarçado de policial quando desembarcou na ilha em que ocorria uma atividade da juventude do partido ligado ao governo. O extremista junta então um grande grupo de jovens para explicar-lhes o que havia ocorrido no centro da cidade, puxa um rifle e começa a atirar. Descobriu-se depois que o assassino usou balas ‘dum-dum’, que se estraçalham no corpo da vítima provocando enorme estrago. Sua intenção era clara: matar o maior número possível de pessoas.

Com a chegada da polícia, o terrorista foi preso sem reagir. Na tarde desse dia 25, quando se apresentou perante o juiz, Breivik confessou os crimes, mas negou qualquer culpa. Para ele, é perfeitamente admissível assassinar adolescentes a sangue frio em sua cruzada contra o “multiculturalismo” e a “colonização islâmica” da Europa.

Preso, o assassino confessou que o atentado havia sido minuciosamente preparado com nove anos de antecedência. Antes de sair para executar sua ação, Breivik espalhou para seus contatos na Internet cópias de uma espécie de manifesto chamado “2083: Uma declaração de independência europeia”, com mais de 1500 páginas.

Em suas páginas, um verdadeiro compêndio da extrema-direita e do fundamentalismo cristão. Numa espécie de delírio fascista, o terrorista descreve com nostalgia uma Europa idílica formada por homens bons e nobres, invadida de repente por islâmicos, negros e estrangeiros. Aos europeus “patrióticos”, restaria a missão de resgatar seus países do “multiculturalismo”, que ameaçaria o modo de ser genuinamente europeu. O fundamentalista assina o texto como “Chefe de Justiça Para os Cavaleiros Templários da Europa e um dos vários líderes do Movimento de Resistência Nacional e Pan-Europeu Patriótica”.

Mais do que delírios, porém, o que o texto revela, e os atentados atestam, é um grau de organização e articulação que expressam o avanço dos movimentos de ultradireita no continente. No tribunal, o terrorista afirmou ter executado o atentado com a ajuda de duas outras “células”. A complexidade da ação corrobora a tese de que ele não teria agido sozinho.

O manifesto de Breivik, além do discurso racista típico da ultra-direita (chega-se a afirmar que o Brasil é desigual, improdutivo e conta com corrupção endêmica devido à ‘mistura de raças’), traz um verdadeiro manual de instruções para atentados terroristas. Do alvo, ao arsenal, preparação e tudo o mais necessário para infligir baixas em favor da “causa”.

O terrorista enumera os alvos: os “traidores”, em ordem decrescente de acordo com a gravidade das suas traições. As instruções para a preparação da “ação” são detalhadas, indo do condicionamento físico do terrorista à aquisição e manuseio das armas, e até mesmo o que fazer caso “eventualmente sobreviva à ação”.

Longe de ser um caso isolado, a tragédia na Noruega se inscreve numa conjuntura de crescimento da ultradireita em toda a Europa. Partidos e movimentos de inspiração fascista e xenófoba se utilizam da crise econômica para ganhar espaço e colocar os trabalhadores imigrantes, negros e homossexuais na mira da opinião pública.

O terrorista norueguês militou por anos no ultranacionalista Partido Progressista, legenda que vem experimentando grande crescimento nos últimos anos, tornando-se a segunda maior força política do país nórdico. Nas últimas eleições, o partido teve 23% dos votos. Da mesma forma, Áustria, Finlândia, Itália entre outros países europeus, testemunham o fortalecimento da ultradireita. Uma das principais líderes desse processo é a francesa Marine Le Pen, dirigente extremista apontada como favorita para as eleições presidenciais de 2012.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

CAPITALISMO E UNIÃO EUROPEIA


A Grécia é a ponta do iceberg da crise da Europa imperialista
Escrito por LIT-QI

Os recentes acontecimentos na Grécia são uma antecipação e uma ameaça do que pode ocorrer em toda a União Europeia (UE), como consequência da crise econômica internacional que teve início em 2007. Ainda que o epicentro da crise tenha sidoinicialmente os EUA, a UE foi, sem dúvida, o polo imperialista mais afetado, já que a crise põe em carne viva todas as suas contradições.

Os objetivos da sua criação

A UE nasceu na década de 1990 por meio de distintos tratados internacionais. Atualmente é formada por 27 países, como continuidade e aprofundamento da Comunidade Econômica Europeia (CEE), fundada em 1957. Em 2000, foi criada em seu interior a chamada “eurozona”: 17 países que adotaram o euro como moeda comum controlada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Longe de ser uma “união igualitária de países” que permitiria “o progresso e o bem-estar de seus povos”, a UE nasceu com dois objetivos muito claros. O primeiro era defender um “espaço imperialista próprio” em contraposição aos EUA. Relacionado com este primeiro objetivo, o segundo era somar as forças dessas burguesias imperialistas para atacar e começar a liquidar as conquistas do chamado Estado de Bem-estar, obtidas pelos trabalhadores europeus depois da 2ª Guerra Mundial porque os capitalistas viram-se forçados a fazer grandes concessões devido ao risco de perder tudo diante da revolução socialista que avançava do Leste.

Uma união de desiguais

Na UE e na eurozona, juntaram-se países de desenvolvimento econômico e produtivo muito desigual (por exemplo, Alemanha e Grécia). Assim, seus maiores beneficiários foram as principais potências (Alemanha e França), especialmente suas grandes empresas e bancos, que puderam expandir seus negócios e investimentos sem muitas limitações.

Os países mais fracos, como Portugal, Irlanda, Grécia e, inclusive, Espanha, sofreram um forte processo de desindustrialização (com o desaparecimento ou a extrema redução de ramos como a siderurgia ou a indústria naval), de redução dos setores agrícolas “não competitivos” (que, na verdade, deviam competir com os enormes subsídios que os agricultores recebem na Alemanha e na França) e de penetração e domínio crescente de seus mercados bancários e financeiros.

Durante o último período de auge da economia mundial (2002-2007), este desenvolvimento cada vez mais desigual foi dissimulado pelas receitas que os países mais fracos obtinham com o turismo, o comércio e o transporte, e pelo desenvolvimento da construção. O circuito de entradas-saídas de euros acumulava contradições, mas, no entanto, “a conta fechava”. Inclusive a economia do Estado Espanhol, auxiliada pelo rendimento de seus investimentos na América Latina, viveu um período de auge e grande crescimento. Mas a crise cortou esse circuito, em grande medida fictício, e as contradições sobrevieram com toda sua crueza.

Esta relação de dominação dos países imperialistas mais fracos pelos mais fortes não é algo novo na história. Em seu conhecido livro sobre o Imperialismo, Lênin já apontava, por exemplo, que Portugal era, ao mesmo tempo, uma potência colonial e um país totalmente dependente da Inglaterra. A criação da UE e da eurozona aprofundaram este tipo de relações e, agora, a partir da crise, estão levando-as a novos limites.

A crise e as dívidas públicas

A crise econômica internacional afetou a economia europeia como um todo e diminuiu a entrada de euros dos países mais fracos. Os Estados começaram a se superendividar, seja para ajudar diretamente os bancos, seja para enfrentar o pagamento das dívidas públicas, que aumentavam aceleradamente em cada refinanciamento devido ao custo de juros cada vez mais altos, na medida em que a qualificação das dívidas piorava (os bônus gregos e irlandeses já são considerados “lixo”, o ponto mais baixo da escala).

Chegou-se, assim, às situações de “default”, isto é, a impossibilidade dos Estados de pagar suas dívidas e, então, à necessidade de “pacotes de ajuda” por parte da UE e do FMI para cobrir esses “saldos no vermelho” e impedir a quebra. Em troca, vem a exigência de duríssimos e contínuos planos de ajuste que reduzem salários e aposentadorias, aumentam os impostos para a população, atacam a saúde e a educação públicas, ordenam privatizações etc. Em resposta, começa a luta dos povos contra essas medidas, acentuando ainda mais a “instabilidade” para a burguesia.

A segunda crise do euro

A crise grega e sua evolução não é um processo que afeta somente este país. Nem sequer é uma crise que se limita aos PIGs (Portugal, Irlanda e Grécia). O jornal britânico The Economist, analisando a crise grega, define uma “segunda onda de crise do euro”, desde 2008, porque este país é a parte mais visível de uma crise continental. Na Grécia, e dependendo de como se resolva a situação deste país, está sendo decidida a sorte de uma construção (o sistema euro) que custou mais de 50 anos à burguesia imperialista europeia.

É uma “crise europeia” por três razões. A primeira é a rigidez do sistema monetário conjunto. A existência de uma moeda e uma autoridade internacional comum faz com que os países-membros da eurozona não possam ter uma política monetária capitalista própria (por exemplo, uma forte desvalorização de sua moeda nacional) sem romper com o euro. Todas as medidas “anticrise” dessa autoridade monetária europeia representam, na verdade, uma “intervenção” e uma “imposição” sobre os países afetados. Ao mesmo tempo, a crise dos países-membros, mesmo que sejam pequenos, transforma-se de fato em uma crise do euro como um todo.

Em segundo lugar, os bancos gregos hoje são controlados majoritariamente por capitais estrangeiros, principalmente alemães e, em segundo lugar, franceses e norte-americanos. Em outras palavras, uma quebra do Estado e do sistema financeiro grego (como o da Argentina em 2001) traria gravíssimas consequências a todo o sistema financeiro europeu e mundial.

Em terceiro lugar, ainda que a cadeia imperialista ameace se romper pelo elo mais fraco (os PIGs), a crise fiscal e econômica também atingiu com muita força os países maiores, como a Espanha (considerado o limite de “tamanho” que a UE poderia “ajudar”) e a Itália, que acaba de sofrer um ataque especulativo, ao que o governo Berlusconi respondeu com o acordo e uma total unidade com a oposição no parlamento votando a toque de caixa um duríssimo plano de ajuste. Inclusive potências muito mais fortes, como a Grã-Bretanha e a França, veem-se obrigadas a aplicar planos de “austeridade”. Se a cadeia da UE e do euro se rompesse na Grécia, o “efeito dominó” nos demais “elos” poderia ser muito rápido. E, segundo as palavras de um ex-prêmio Nobel de Economia, o norte-americano Paul Krugman, a queda do euro seria “uma catástrofe” para a economia e as finanças mundiais.

O Pacto do euro

Mas as burguesias europeias, principalmente as da Alemanha e da França, estão dispostas a defender o euro e seu espaço imperialista até o final, em benefício próprio. Em 27 de junho, foi ratificado em Bruxelas (seda da UE) o chamado “Pacto do Euro”, um texto assinado pelos 17 chefes de governo da eurozona para “responder à crise e aumentar a competitividade da Europa”.

Mas, para fazer isso, serão obrigados a avançar com tudo em dois aspectos. Por um lado, na submissão dos países mais fracos, impondo-lhes, em troca da “ajuda” financeira, medidas e condições de controle similares às dos países latino-americanos nas décadas de 1980 e 1990. Por exemplo, o presidente do “Eurogrupo”, Jean-Claude Juncker, disse explicitamente que a Grécia terá sua soberania “muito limitada” devido ao plano de ajuste que aprovou para receber as ajudas da UE e do FMI.

Em segundo lugar, deverão atacar cada vez mais frontalmente e sem meios-termos as conquistas, as condições de vida e os direitos dos trabalhadores. Neste aspecto, a Grécia é a ponta de lança dos planos de ajuste que estão sendo aplicados em todo o continente. Hoje, o sistema capitalista imperialista já não pode garantir a manutenção de nenhuma destas conquistas (acordos salariais, condições de trabalho, aposentadorias dignas, saúde e educação públicas de qualidade etc.) e precisa destruí-las para defender seus lucros e jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores e do povo.

As contradições interimperialistas

Os bancos, duplamente responsáveis pela situação atual, são os que mais exigem sacrifícios dos países fracos e dos povos europeus. Mas isto começa a provocar divisões nas burguesias imperialistas europeias.

Enquanto a cúpula da UE e do BCE defendem a postura dos bancos, a premiê alemã, Angela Merkel, apresentou a posição de que os bancos se responsabilizem por parte do custo dos pacotes de “ajuda” (em última instância, destinados a “salvá-los”) e, assim, atenuem um pouco seu impacto popular. Merkel com certeza expressa a dupla pressão da burguesia industrial alemã, que quer evitar uma nova recessão e garantir suas exportações, e a do eleitorado alemão, que se opõe ao aporte de seu Estado para estes pacotes de ajuda. Ao mesmo tempo, teme as reações populares que esses pacotes “selvagens” podem provocar. Os governos da França e da Espanha se aliaram com as posições mais duras do BCE e possivelmente refletem o estreito compromisso de seus principais bancos com as dívidas dos PIGs. Em todo caso, essas divisões causam mais instabilidade a uma situação que já é explosiva.

A crise se acelera

As burguesias dos países mais fracos, como a grega, mostram-se dispostas a aceitar esta submissão para defender a parte minoritária que recebem da exploração dos trabalhadores, mesmo que isso represente um claro retrocesso de seus países e a obrigação de desferir ataques brutais contra seus trabalhadores e povos.

Nenhum país europeu está em boa condição para “socorrer” outro. Depois do barril de pólvora grego, esperam em fila Portugal, Irlanda, Espanha, Itália, Inglaterra... Já gastaram quase toda a munição de apoio estatal em 2008-2009. Até os Estados Unidos sofrem sua própria crise econômica e política e seu risco de default. Algo inimaginável no passado.

Mas, se as burguesias aceitam a submissão, os trabalhadores e o povo não parecem dispostos a isso. No caso grego, a resistência começou há mais de dois anos e toma um caráter heroico: mais de uma dezena de greves gerais e, agora, a ocupação de praças, ao estilo egípcio ou espanhol.

Os trabalhadores e o povo grego estão na vanguarda, mas fica claro que a resistência começa a estender-se por todo o continente, como a luta dos trabalhadores e da juventude da França contra Sarkozy no ano passado; as mobilizações da “geração à rasca” em Portugal; os “indignados” espanhóis; a poderosa greve geral de funcionários públicos e professores na Inglaterra...

Essa luta gera desgaste e crise nos governos que aplicam os planos, sejam de direita ou de “esquerda”. E são os próprios regimes que começam a entrar em crise na medida em que a luta se mantém, ao se esgotarem as mediações políticas que tentam desviá-la e freá-la. Na Grécia, o governo do social-democrata PASOK se desgasta aceleradamente, sem que a direita (Nova Democracia) se recupere de sua derrota eleitoral de 2009. E os deputados de ambos os partidos tiveram que ser protegidos por vários cordões policiais para votarem juntos as medidas do último pacote no Parlamento. Um desgaste dos regimes que começa a se expressar também quando os jovens de Portugal e da Espanha reivindicam “democracia real” e denunciam a profunda ligação desses regimes políticos e seus partidos com suas burguesias imperialistas.

Há desigualdades. A situação na Grécia não é a mesma que na Alemanha, onde o proletariado mais poderoso da Europa ainda não entrou em cena com toda força, apesar de ter havido grandes mobilizações contra as usinas nucleares e de o governo de Merkel também estar sofrendo as consequências da crise europeia com a queda de seu prestígio político.

Em outras palavras, as burguesias europeias devem aplicar os piores planos de ajuste e realizar os mais duros ataques contra seus trabalhadores e povos em décadas. Não em um contexto de tranquilidade, mas de forte resistência e de crescente crise política que as deixam num “atoleiro”, mesmo que consigam votar esses pacotes nos parlamentos, realimentando a crise econômica continental e internacional.

Qual é a saída?

Apesar de uma resistência cada vez mais forte contra os planos de ajuste, principalmente na Grécia, os trabalhadores e os jovens europeus não vislumbram uma saída para a crise. Isto porque as direções sindicais burocráticas e políticas dos trabalhadores, mesmo quando se veem obrigadas a chamar greves gerais e mobilizações, impedem a realização de verdadeiros planos de luta que não só enfrentem os planos de ajuste, mas que também possam derrotar os governos que os aplicam, com a perspectiva de impor governos operários e populares que apliquem programas a serviço dos trabalhadores e do povo, e não dos banqueiros e dos monopólios. Ao mesmo tempo, ainda que seja dirigida contra um mesmo inimigo - a UE e suas políticas -, essas direções dividem a luta país por país, enfraquecendo-a.

Esta política das direções majoritárias dos trabalhadores tem um contexto de fundo: a defesa da UE e da zona do euro. Uma posição que é compartilhada por outras correntes políticas localizadas mais à esquerda, como o Bloco de Esquerda (BE) de Portugal, para o qual se trata de criar, dentro da UE, “alternativas para políticas de criação de emprego e de decisão democrática contra a especulação financeira” e elaborar um “programa viável de luta” por uma “nova arquitetura da UE”. Em outras palavras, trata-se de “reformar” a UE para torná-la mais “humana”.

Todas essas correntes fazem coro com suas burguesias imperialistas porque dizem aos trabalhadores, aberta ou implicitamente, que, se os planos de ajuste e suas consequências são um “remédio amargo”, seria muito pior sair da UE ou da zona do euro.

A crise capitalista obrigou a UE a mostrar sua verdadeira face: uma construção a serviço do imperialismo alemão (e, ao seu lado, o francês), em benefício de seus bancos e multinacionais, submetendo ferreamente países como Grécia, Portugal, Irlanda ou Espanha à vassalagem e atacando duramente todos os trabalhadores do continente. Já não há margens para a aparência demagógica do “modelo social europeu” nem para “jogos” democráticos sobre quem e onde se decidem os planos de ajuste. Não há nenhuma possibilidade de “reformar” a UE para torná-la “mais humana”, assim como não é possível fazê-lo com o capitalismo imperialista de conjunto.

Por isso, Grécia, Portugal e Irlanda somente poderão salvar-se da catástrofe se declararem o não reconhecimento de sua dívida pública, romperem com a UE e adotarem medidas drásticas, como a expropriação dos bancos, a nacionalização das empresas estratégicas sob controle dos trabalhadores, a escala móvel de horas para que todos possam trabalhar e o estabelecimento do monopólio do comércio exterior. Um programa que, em um futuro cada vez mais próximo, também estará colocado para outros países, como Espanha e Itália.

Nós, da LIT-QI, somos plenamente conscientes de que os problemas da Grécia, Portugal e Irlanda não terão solução de modo isolado. Por isso, nossa proposta não significa a volta ao velho isolamento “nacional” capitalista nem a suas moedas, como propõem diversas correntes de direita no continente.

Nossa proposta contrapõe à Europa do Capital, representada pela UE e pela zona do euro, a luta do conjunto dos trabalhadores do continente para conquistar a própria unidade de uma saída operária e popular, na perspectiva da construção dos Estados Unidos Socialistas da Europa.

Esta é uma tarefa imensa, mas imprescindível, que deve ser acompanhada com urgência, no processo vivo das lutas, pelo surgimento e pela construção de novas direções sindicais e políticas, baseadas na independência de classe do movimento operário em relação a todas as variantes da burguesia e de seus governos.

Julho de 2011

Tradução: Raquel Polla

terça-feira, 31 de maio de 2011

DONO DA TERRA ???????!!!!!!!!!!!!




Batateira, Quilombo situado numa ilha no município de Cairu BA, tem passado nos últimos dois anos por momentos de terrorismo por um pseudo fazendeiro que se diz dono da terra.
As ameaças continuam e a comunidade pede socorro!
Por: Ascom Rede Mocambos, 30 de maio de 2011
A comunidade quilombola de Batateira, localiza-se na Ilha de Tinharé, nas proximidades da Vila de Garapuá e pertence ao município de Cairu. Como trata-se de uma ilha a natureza de sua área é de responsabilidade da União. Os moradores que ocupam essa área estão ali há mais de 100 anos. Tendo toda a ancestralidade comunitária e de parentesco reconhecida pela Fundação Cultural Palmares. Trata-se de uma comunidade de cerca de 30 famílias que sobrevivem em situações precárias, em casas em sua maioria de taipa, palha e madeira. Na comunidade não tem energia elétrica e é desprovida dos principais serviços básicos que qualquer cidadão tem direito
O Conflito nessa comunidade começou em 2009, quando houve a mobilização de pedido de reconhecimento quilombola pela comunidade com freqüentes visitas à comunidade e com seguidas ameaças do Sr Manoel Palmas Ché Filho, filho do ex-prefeito de Cairu. Em maio de 2010, o conflito teve início quando numa visita do "Maneca Ché", como é conhecido, mais cinco policiais fardados e outros homens, todos armados com armas de fogo, diziam ter mandato judicial para estarem ali, além de reforçar as ameaças derrubaram o pier que a comunidade usava como embarque e desembarque.
Depois que a Fundação Palmares expediu a certidão quilombola à comunidade, os seus moradores voltaram a receber novas ameaças, foi quando em 09 de setembro de 2010, Manoel Che Filho invadiu a comunidade com mais 12 homens, entre eles 3 policiais a paisana. Eles chegaram às 7h da manhã e ficaram até às 15h. Nesse periodo de 8h que permaneceram na comunidade, derrubaram mais 3 casas, atiraram várias vezes pra cima, colocaram revolvers na cabeça de mulheres e adolescentes, xingaram os moradores, colocaram a liderança da comunidade Claudeci numa roda com 12 homens e bateram no seu rosto, ameaçando sua vida, na frente das crianças da comunidade, inclusive seu filho de 5 anos, que tem demonstrado traumas de ter presenciado a violência com sua comunidade e sua família.
O comandante da Polícia Militar de Valença, major José Raimundo Carvalho Pessoa, esclareceu que a atuação ilegal de policiais militares que deram apoio ao "Maneca Che", correu à revelia do Comando da 33ª Companhia Independente da Polícia Militar de Valença. Em depoimento, os policiais denunciados negaram a participação no caso denunciado e recorreram ao direito de falar somente em juízo e na presença do advogado. Não se tem informação que o processo judicial foi aberto.
Em outubro de 2010 foi realizada uma audiência pública organizada pela SEPROMI, que teve como objetivo de ouvir, avaliar e traçar estratégias para solucionar os sucessivos conflitos ocorridos na Comunidade de Batateira. Participaram da audiência autoridades, o pseudo fazendeiro Maneca Che e seus representantes, a sociedade civil representada pelos movimentos de pescadores, Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra, o Conselho Pastoral da Pesca, Quilombolas de outras regiões, Representantes do INCRA, DPE, SPU, Governo do Estado, Prefeitura de Cairu e etc.
Há poucos dias, as ameaças retornaram, o pseudo fazendeiro insiste que vai voltar na comunidade e derrubar o resto das casas, a liderança da comunidade vem sendo seguida e ameaçada de morte, as famílias estão apavoradas.
Não existe nenhum advogado assistindo a comunidade, o que gera uma preocupação ainda maior. No último Sábado dia 28 de de maio, o Sr. Manuel Che voltou à comunidade com mais 7 homens, voltou a fazer ameaças, alegou ter ordem judicial para não permitir nenhuma construção mais naquela ilha (mas não mostrou o documento), o que resultou na derrubada de mais uma casa na comunidade e a ameaça que ele estaria voltando com um grupo de criminosos para aterrorizar e levar tudo abaixo nos próximos dias. As famílias, em especial as crianças, estão apavoradas. A polícia, apesar de acionada durante nova invasão, só apareceu na comunidade horas depois e em nenhum momento consegue gerar nenhum tipo de proteção à mesma, todos os indícios e o histórico desses dois anos revelam na verdade uma polícia comprometida com a ação criminosa do pseudo fazendeiro, até por que, nenhum criminoso age tão abertamente como esse senhor, sem sofrer prisão preventiva, se não tiver uma cobertura, ou no mínimo uma escancarada omissão da polícia com o caso.
Esse breve texto tem como intuito chamar a atenção dos organismos e instituições estaduais, nacionais e internacionais a respeito da proteção dos direitos humanos, dos direitos das crianças e dos adolescentes, dos afrodescendentes em suas comunidades quilombolas e dos direitos das mulheres, assim como o apoio de diferentes tipos de mídias que possam colaborar com o apoio à comunidade:

A comunidade de Batateiras no município de Cairu Bahia não pode ficar sem assistência jurídica!
Um criminoso que faz abertamente esse tipo de ação, deve ter imediatamente sua prisão preventiva efetuada, assim como os seus comparsas! A justiça e a segurança pública precisam funcionar!
A Segurança Pública não pode estar a serviço de criminosos e gananciosos e precisa se comprometer com a proteção dessa comunidade!
Não se pode esperar que mais lideranças padeçam a espera de uma ação efetiva!
O INCRA precisa agilizar o processo de Titulação, Identificação e Demarcação das terras Quilombolas e em especial às comunidades que estão em processo de conflito.

Conselho Quilombola do Estado da Bahia
Rede Mocambos - Núcleo de Formação Continuada do Sul da Bahia

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A PROIBIÇÃO DO HIJAB : OPRESSÃO OCIDENTAL




Durante todo o debate que se fez e se faz sobre a proibição do véu islâmico na Europa, alguns deles são puramente preconceituosos e embebidos da visão que as pessoas se têm quando falamos da cultura do Islã, o inocente e até "puro" véu, passa a ser visto como mais uma arma que o Ocidente deve temer e excluir da sua sociedade "civilizada" e evoluída... Isso tem me dado nojo!!! Pois a mutilação de uma cultura legítima aonde 95% dos Muçulmanos são tão letais quanto a Dona Maria da Banca de Jornal da esquina, se mostra ainda mais ignorante e espelha todo o sentimento vingativo que ainda persiste entre os Europeus quando o assunto se trata o Oriente próximo. A repulsa ao Islã e aos Muçulmanos pode ser vista não como retaliação aos revides (não terrorismo, pois terrorismo veio primeiro do lado Europeu, no século X) da parte Xiita do Islã, mas uma sensação perdedora de um passado mais antigo que esse observou.
Segue abaixo o texto da Cecília Toledo, que descreve muito bem o assunto.
O Oriente e o Ocidente ainda têm muitas coisas para colocar-se na mesa e ser resolvido, existem ainda muitas mágoas do lado Ocidental, que fica cada vez mais escondido atrás da desconecta e capenga desculpa do "Terrorismo".

Por Cecília Toledo :
A proibição do véu faz suas primeiras vítimas
Escrito por Cecilia Toledo


A proibição do véu na França pelo governo Sarkozy já fez as suas primeiras vítimas. Três mulheres que protestavam em frente à Catedral de Notre Dame, no centro de Paris, foram presas, humilhadas pela polícia e forçadas a pagar multa pela sua rebeldia, além de jurar que nunca mais voltarão a usar o véu em público.
Sem contar que, muito provavelmente, essas mulheres, ao chegar às suas casas após sair da prisão, sentirão outro golpe opressivo: o desprezo da família e a rejeição do marido. Ainda que não houvesse nada além da proibição, as mulheres da classe trabalhadora do mundo, todas as mulheres pobres e oprimidas, exploradas e violentadas, deveriam se levantar contra Sarkozy.
Proíbe-se o véu em um momento crítico

A lei entrou em vigor no dia 11 de abril de 2011, quando o imperialismo e as ditaduras no mundo árabe vivem um momento extremamente crítico. Parece muito inofensiva, mas não é. Proíbe o véu islâmico integral – a burca, que cobre a mulher da cabeça aos pés e tem uma abertura na altura dos olhos, ou o nijab, que cobre a cabeça e o pescoço – em todos os espaços públicos, inclusive repartições públicas, hospitais, agências do correio e até transportes públicos e lojas. Isso significa que, de agora em diante, uma mulher com burca ou nijab não poderá entrar em um ônibus ou metrô, não poderá se tratar em um hospital, não poderá enviar cartas e também não poderá comprar nas lojas. Se fizer isso, terá que pagar uma multa de 150 euros. O presidente da França, Nicolás Sarkozy, alega que “o véu aprisiona as mulheres e seu uso contraria valores seculares da França, como a dignidade e a igualdade”. (O Estado de S. Paulo, 11/4/11)

Cabe perguntar ao presidente o que mais aprisiona as mulheres: o uso do véu ou restringir sua liberdade individual e impedir que vivam livremente na França como todas as pessoas?

Proibir o véu islâmico em território francês é muito mais que prender três mulheres. É uma medida burguesa e imperialista de grande magnitude porque não se dá em um momento qualquer, mas em uma situação especial. Hoje, graças a uma somatória de fatores – crise econômica na Europa, incerteza do projeto imperialista da União Europeia, fracasso da política de Bush e Obama no Iraque e em todo o Oriente Médio, avanço de uma espetacular revolução em todo o mundo árabe que está derrubando ditadores sanguinários, agentes do imperialismo na exploração do petróleo e das massas árabes, sem que o imperialismo tenha clareza suficiente para saber onde vai parar essa revolução - os governos europeus estão à beira de um ataque de nervos. E apelam para medidas democrático-populistas de caráter duvidoso, como proibir o véu, procurando fortalecer sua imagem perante os setores de classe média, em geral mais sensíveis a essas questões.

Qual o objetivo da proibição?

Mas as reações contrárias que vêm se dando no mundo inteiro não dão a Sarkozy nenhuma garantia de que vai conseguir fortalecer sua imagem. Proibir o véu na França, onde há milhares de muçulmanos vivendo e procurando trabalho com dignidade em outro país que não é o seu porque assim foi imposto pelo capitalismo, a sociedade de exploração em que vivemos e da qual Sarkozy é um dos máximos representantes, não é mais um dos ataques que um governo burguês imperialista faz às mulheres. É um ataque à sua luta pela sobrevivência.

Em primeiro lugar, é necessário interpretar esta lei como um ataque à classe trabalhadora de conjunto, a todos os que são explorados, oprimidos, vilipendiados, que têm seu sangue arrancado a cada dia, cada hora, cada minuto pelos capitalistas em todos os lugares do mundo. Porque não podemos nos enganar: hoje o ataque é contra um véu, mas, se deixamos passar, virão mais ataques: à dignidade, aos valores, à cultura e às crenças dos povos, para que homens e mulheres que não têm nada além de sua força de trabalho, sem vontade própria, sem opinião, sem cultura alguma, sejam mais suscetíveis de manipulação.

Em segundo lugar, querem fazer esta lei reacionária parecer libertária, revolucionária, avançada. Mas não há nada mais atrasado. Sarkozy quer aparecer como um chefe de Estado que coloca todo o seu aparato e todos os seus recursos a serviço do combate à opressão das mulheres, como paladino dos direitos humanos. Os trabalhadores franceses, os trabalhadores árabes, as mulheres francesas e árabes sabem que não existe nada mais distante da verdade. Sabem que o que o governo francês faz é utilizar o véu para encobrir um dos mais duros ataques aos direitos do povo trabalhador, como vem ocorrendo em toda a Europa, com violentos cortes sociais e na aposentadoria, ataques à saúde e à educação públicas, que afetam os setores mais debilitados do povo, entre eles as mulheres. Com uma mão proíbe o véu para as muçulmanas; com a outra, condena as francesas a uma vida de miséria.

Com um discurso que exalta a dignidade e a igualdade, Sarkozy também tenta encobrir uma política de incentivo à xenofobia, de ódio aos imigrantes, às minorias étnicas, aos trabalhadores e pobres de culturas diferentes da francesa. Como se a cultura francesa fosse libertária, respeitadora das culturas estrangeiras. Que os povos colonizados pelos franceses digam se foi assim, submetidos pelos colonizadores a uma verdadeira lavagem cerebral para que adotassem uma cultura “mais elevada”. Que os povos indígenas digam se foi assim, aculturados a ferro e fogo pelos “nobres e cultos” franceses que dessa forma puderam roubar suas raízes, ocupar suas florestas e se apoderar de suas riquezas. Que os negros escravos trazidos da África digam se foi assim, forçados a se submeter à força de chicote e se colocar a serviço dos amos franceses com uma corda no pescoço.

Condenar a lei de Sarkozy não significa defender o véu islâmico, que em última instância significa uma imposição religiosa e moral às mulheres contra sua vontade, um símbolo de como a sociedade vê as mulheres: seres inferiores que não têm vontade própria, umas pecadoras que devem sair cobertas à rua para não seduzir o sexo oposto, e pior, como propriedade dos homens, sem o direito de se exibir em público para não despertar a cobiça do outro.

Mas a imposição do véu, assim como sua proibição, não são duas políticas opostas. Ao contrário, são duas faces da mesma política dos governos burgueses para submeter a classe trabalhadora, para dizer que “aqui quem manda somos nós, os governos e os patrões”. E, agora que as mulheres são mais da metade da classe trabalhadora mundial, que produzem a riqueza assim como os homens e que por isso se sentem no direito de opinar, de protestar e participar de marchas e greves, que se sentem fortes o suficiente para tomar as armas e enfrentar os exércitos inimigos, ombro a ombro com os homens, o imperialismo as teme e por isso cria políticas específicas para controlá-las, subjugá-las e mantê-las caladas e em “seu lugar”. Nesse sentido também vem a lei de Sarkozy, já que começaram a aparecer mulheres-bombas, escondidas sob as burcas e os nijabs.

O véu e a revolução

Hoje, quando a revolução incendeia os países árabes, a proibição do véu significa um ataque a todos os rebeldes, homens e mulheres que lutam contra as sanguinárias ditaduras que os oprimem e os exploram há anos. Significa pôr mais um grão de humilhação na consciência do povo árabe que, com toda a dignidade que ainda consegue reunir, e toda a força que a união de homens e mulheres lhes proporciona, vem dando o seu sangue pela liberdade e por uma vida melhor. Ver as mulheres árabes com véus que cobrem a cabeça ou todo o corpo nas lutas das ruas no Egito, Líbia, Tunísia, Iêmen nos diz algo muito simples, mas que é mortal para Sarkozy e todos os governos burgueses capitalistas: diante da miséria e da morte, o véu é repressão, sim, mas não um obstáculo intransponível para que as mulheres peguem em armas e se unam aos homens para derrubar a ditadura, expulsar o imperialismo dos seus territórios e defender a riqueza do petróleo para a sobrevivência dos seus filhos, do seu povo, do seu país, da sua cultura. “Uma vez vencidos os verdadeiros inimigos do povo árabe, então veremos o que fazer com o véu”, dizia uma jovem árabe com o nijab na cabeça e os olhos bem abertos.

Não será pelas mãos de Sarkozy que o véu cairá por terra. Essa é mais uma das grandes tarefas que a revolução árabe tem pela frente: libertar as mulheres da opressão e todo o povo trabalhador da fome e da miséria a que estão submetidos há tanto tempo. Para isso, é necessária a mais ampla solidariedade de todos os povos do mundo. Por mais que condenemos o véu e todos os costumes retrógrados que oprimem as mulheres, neste momento em que as massas árabes enfrentam inimigos poderosos, o simples ato de pensar que Sarkozy tem razão e que sua medida é democrática significa uma traição aos povos árabes, que se encontram entre dois fogos – o da sua ditadura e o da OTAN – e por isso precisam de toda sua integridade, toda sua coragem e todo o nosso apoio para vencer essa guerra.

Por mais que Sarkozy tente, a história é implacável: a abolição do véu será obra das próprias mulheres árabes, assim como a libertação dos trabalhadores e do povo pobre virá das mãos dos próprios trabalhadores. E se não vencerem essa guerra, os trabalhadores terão muitas vítimas mais para enterrar, como todos os rebeldes que serão decapitados pelo imperialismo, o povo massacrado pelos bombardeios, sem contar a vida de miséria que os espera caso o imperialismo saia vencedor e transforme seus países em enclaves coloniais a serviço das grandes potências. A resistência das mulheres árabes que se negam a tirar o véu islâmico hoje - por menor que seja seu gesto e por mais que se insista que é sinônimo de opressão – é uma atitude de resistência às imposições imperialistas que merece a solidariedade de todas as mulheres do mundo.
Tradução: Raquel Polla

terça-feira, 17 de maio de 2011

A LIBERDADE GANHOU EM UGANDA.




A lei homofóbica de Uganda caiu! Parecia que seria aprovada na semana passada, mas depois da petição com 1,6 milhão de assinaturas entregue ao parlamento, das dezenas de milhares de chamadas telefônicas para nossos governos, das centenas de reportagens na mídia sobre nossa campanha e de uma manifestação global massiva, os políticos ugandenses desistiram da lei!

Estava prestes a ser aprovada -- extremistas religiosos tentaram aprovar a lei na quarta-feira, e então concordaram com uma sessão de emergência sem precedentes na sexta-feira. Mas a cada vez, no espaço de algumas horas, nós reagimos. Um enorme parabéns a todo mundo que assinou, ligou, encaminhou e doou para essa campanha -- com sua ajuda, milhares de pessoas inocentes na comunidade gay de Uganda não acordam nessa manhã enfrentando a execução apenas por causa de quem escolheram amar.

Frank Mugisha, um corajoso líder da comunidade gay em Uganda, enviou-nos essa mensagem:

"Corajosos ativistas LGBT ugandenses e milhões de pessoas ao redor do mundo ficaram juntos e enfrentaram essa horrenda lei homofóbica. O apoio da comunidade global Avaaz pesou na balança para evitar que essa lei fosse adiante. A solidariedade global fez uma enorme diferença."

O Alto Representante da Secretaria de Negócios Estrangeiros da União Europeia também escreveu para a Avaaz:

"Muito obrigado. Como vocês sabem, em grande parte graças ao lobby intensivo e esforço combinado de vocês, de outros representantes da sociedade civil, da União Europeia e outros governos, mais nossa delegação e embaixadas no local, a lei não foi apresentada ao parlamento esta manhã."

Essa luta não acabou. Os extremistas por trás dessa lei podem tentar novamente dentro de apenas 18 meses. Mas essa é a segunda vez que ajudamos a derrubar essa lei, e nós vamos continuar até que os propagadores do ódio desistam.

Transformar as causas mais profundas da ignorância e do ódio por trás da homofobia é uma batalha histórica e de longo prazo, uma das grandes causas da nossa geração. Mas Uganda tornou-se uma linha de frente nessa batalha, e um símbolo poderoso. A vitória lá ecoa através de muitos outros lugares em que a esperança é extremamente necessária, mostrando que bondade, amor, tolerância e respeito podem derrotar ódio e ignorância. Novamente, um enorme obrigado a todos que tornaram isso possível.

Com enorme gratidão e admiração por essa incrível comunidade,

Ricken, Emma, Iain, Alice, Giulia, Saloni e toda a equipe Avaaz.

Destaques na mídia:

Uganda adia votação de lei que prevê a pena de morte para homossexuais:
http://br.noticias.yahoo.com/uganda-adia-vota%C3%A7%C3%A3o-lei-prev%C3%AA-pena-morte-aos-215904319.html

em Inglês:
Lei homofóbica engavetada:
http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-13392723

A resposta da Avaaz ao resultado no The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/13/uganda-anti-gay-bill-shelved

Presidente ugandense não apoiou a lei por causa da "crítica dos grupos de direitos humanos":
http://www.sfgate.com/cgi-bin/article.cgi?f=/n/a/2011/05/13/international/i042638D37.DTL

Lei homofóbica adiada em meio a nossa manifestação:
http://www.news24.com/Africa/News/Uganda-shelves-anti-gay-bill-20110513

Lei "matem os gays"de Uganda derrotada:
http://af.reuters.com/article/topNews/idAFJOE74C0HP20110513